O Festival Internacional de Cinema Periferias, que terá lugar de 12 a 20 de Agosto na fronteira entre Valência de Alcántara e Marvão, programa eventos de cinema e música numa dúzia de locais em ambos os lados da fronteira hispano-portuguesa.
Este é o festival mais transfronteiriço de todos os que se realizam na fronteira hispano-portuguesa e o seu "carácter itinerante ajudou a permeabilizar a fronteira e durante dez edições tem vindo a tecer redes, a fazer contactos, a coser a fronteira", disse a Secretária Geral da Cultura da Junta da Extremadura, Miriam García Cabezas, durante a apresentação do evento em Mérida, onde salientou que este festival demonstra que "os projetos de qualidade podem ser realizados em zonas rurais".
Periferias tem a distinção da originalidade e é uma forma de aumentar a consciência do território e oferecer cinema de qualidade em locais onde não existem salas de cinema adequadas para tal. Entre os temas que aborda estão os direitos humanos, o ambiente, assim como a arte e a cultura.
García Cabezas destacou o seu programa, pois oferece "uma cuidadosa seleção de títulos" e é constituído principalmente por filmes de autor e documentários que ocupam alguns dos lugares mais emblemáticos da fronteira, bem como sessões ao ar livre.
O delegado da Área de Desafio Demográfico, Desenvolvimento Sustentável, Juventude e Turismo da Diputación de Cáceres, Álvaro Sánchez Cotrina, salientou que "é um festival único" que defende o Tejo Internacional que é uma Reserva da Biosfera e que continua a crescer com a incorporação de novos locais, como é o caso de Mata de Alcántara, onde chegará pela primeira vez.
Por seu lado, o vice-presidente da Câmara Municipal de Marvão, Luís Costa, salientou que Periferias não parou de crescer e de obter distinções ao longo das dez edições, nas quais 40.000 pessoas apreciaram as suas atividades.
Para a diretora do festival, Paula Duque, isto é um sinal do trabalho realizado e da boa receção do público, e ela disse que o festival continuará a trabalhar na divulgação do património cultural com obras de qualidade que tenham sido reconhecidas ou premiadas.
Para o diretor de programação, Carlos Batista, é um festival com características próprias que tenta estabelecer uma ligação com o território.
PROGRAMA
A inauguração terá lugar na noite de 12 de agosto no Castelo de Marvão, com a projeção de 'A Cordilheira dos Sonhos', pelo director chileno Patricio Guzmán. A música será fornecida por 'Os Sabugueiros' com influências musicais da Argentina, Itália e Portugal.
No dia 13 de Agosto, na antiga estação Beirã, poderá desfrutar de uma sessão de música e cinema com sotaque brasileiro, com o filme 'Paraíso', de Sergio Tréfaut, e um concerto da cantora, compositora e violinista brasileira Camila Costa.
No domingo 14, o documentário 'Um corpo que dança', de Marco Martins, que traça a carreira do ballet Gulbenkian, será exibido no Castelo de Vide cinema-teatro, e em Valência de Alcántara será exibido. um dos filmes do ano, 'Alcarràs', de Carla Simón, vencedora do Urso de Ouro na última edição do Festival de Cinema de Berlim.
O conflito na Ucrânia estará presente no Festival com o filme 'Donbass', de Sergei Loznistza, que será exibido a 15 de Agosto no Castelo de Vide cinema-teatro, e em Mata de Alcántara, será exibido 'Cien días con la tata', de Miguel Ángel Muñoz.
O centro cultural de Marvão acolherá "Não apaguem os nossos vestígios! Dominique Grange, una cantaora de protesta', do director português Pedro Fidalgo. No dia 19, o Lagar dos Galegos exibirá 'Silêncio-Vozes de Lisboa', um documentário sobre uma Lisboa gentrificada, no qual o fado desempenha um papel central. Uma das cantoras apresentadas neste filme é Marta Miranda, que irá dar um concerto no final do filme.
De ambos os lados da linha, haverá também filmes de língua portuguesa e espanhola, como 'A metamorfose dos Pássaros', vencedor do prémio Catarina Vasconcelos; 'Ar condicionado', do angolano Fradique; 'Cinco lobitos', do espanhol Alauda Ruiz de Azúa e 'Memorias del contrabando'.
No sábado, dia 20, será a vez de 'Nuno Teotónio Pereira- Um homem na Cidade', de Joana Cunha Ferreira, no centro cultural de Marvão.
O festival será completado por apresentações musicais como a do cantor e compositor de jazz ucraniano, Kateryna Avdysh; visitas guiadas como a ao Museu da Tapeçaria de Portalegre, onde também será exibido o 'Vieirarpad' de João Mário Grilo, e a apresentação do livro 'José Alfonso-Todas as canções', bem como actividades para crianças e jovens.
A cerimónia de encerramento terá lugar no Museu Vostell-Malpartida de Cáceres com a entrega do Prémio Internacional Tejo/Tajo Cross-border Biosphere Reserve Award para o melhor filme ibérico, onde será exibido 'O leopardo da neve', de Vincent Munier e Marie Amiguet.
